Autora da resenha: Pâmela Rodler
Título: Que bobagem!: Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério
Autor(es): Natalia Pasternak e Carlos Orsi
Editora: Contexto
Ano de publicação: 2023
Número de páginas: 336
Tradução: Obra original em português
Este livro aborda, de maneira acessível e fundamentada, o tema central das pseudociências: práticas, crenças e discursos que se apresentam como científicos, mas carecem de evidências empíricas e rigor metodológico. O objetivo da obra é alertar o público sobre os perigos dessas falsas ciências, destacando como elas podem impactar negativamente decisões pessoais e políticas públicas, especialmente na saúde.
É uma leitura indicada para estudantes, professores, profissionais da saúde, psicólogos, divulgadores científicos e qualquer pessoa interessada em desenvolver o pensamento crítico e aprender a diferenciar ciência de pseudociência.
Os autores selecionam 12 temas clássicos, demonstrando como e por que essas crenças não passam pelo crivo da ciência, seja pela ausência de evidências, pela violação de princípios básicos da física, química e biologia ou pela resistência à refutação empírica. São eles:
Astrologia — Baseada em supostos efeitos dos astros sobre a personalidade e o destino humano, mas sem qualquer comprovação estatística ou causal.
Homeopatia — Criticada por seu princípio da diluição extrema, que elimina qualquer presença de princípio ativo, tornando-a incompatível com a farmacologia e os conhecimentos químicos.
Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa (MTC) — Analisadas sob a perspectiva da falta de comprovação robusta de eficácia clínica e dos conceitos não testáveis, como o “Qi”.
Curas naturais — Examinadas criticamente quando se apoiam em ideias de que “natural” é sinônimo de “melhor” ou “mais seguro”, desconsiderando a toxicidade de muitos compostos naturais.
Curas energéticas — Como o reiki ou a imposição de mãos, cuja suposta eficácia não se sustenta quando submetida a testes controlados e cegos.
Modismos de dieta — Incluindo dietas da moda e detox, que muitas vezes se baseiam em premissas pseudocientíficas e não possuem respaldo em estudos nutricionais sérios.
Psicanálise e psicomodismos — Embora mais polêmico, este capítulo questiona a falta de validação empírica de pressupostos psicanalíticos e sua resistência histórica à testagem científica.
Paranormalidade — Como telepatia e telecinese, rejeitadas pela ausência de replicação consistente em experimentos controlados.
Discos voadores — Aborda a falta de evidências concretas e a tendência humana de interpretar fenômenos naturais ou tecnológicos como visitas extraterrestres.
Pseudoarqueologia — Como o mito de Atlântida ou teorias de alienígenas construtores de pirâmides, que distorcem ou ignoram as evidências arqueológicas reais.
Antroposofia — Um sistema esotérico que influencia práticas como a pedagogia Waldorf e a medicina antroposófica, criticado pela ausência de bases científicas.
Poder quântico — Termo frequentemente usado de forma incorreta para legitimar práticas terapêuticas infundadas, distorcendo conceitos da física quântica.
Além disso, os autores introduzem a noção de charlatanismo científico, explicando como alguns indivíduos ou grupos exploram a credulidade pública para obter lucro ou poder.
Clareza da linguagem: os autores comunicam conceitos complexos de forma extremamente acessível, utilizando exemplos do cotidiano e metáforas que facilitam a compreensão.
Atualidade das referências: a obra aborda temas contemporâneos, como o movimento antivacina e as fake news, mostrando a urgência do combate às pseudociências.
Humor e leveza: mesmo tratando de temas potencialmente polêmicos, o livro adota um tom bem-humorado, sem perder a seriedade necessária.
Para minha prática como psicóloga e educadora, o livro reforça a importância de orientar pacientes e alunos sobre a necessidade de embasar decisões em informações científicas confiáveis.
A obra foca em uma introdução geral ao tema das pseudociências, podendo ser considerada superficial por leitores que já possuem formação avançada em filosofia, história ou epistemologia. Entretanto, por ser um livro com muitos elementos históricos, a leitura pode parecer um pouco mais densa para quem não está habituado a esse tipo de conteúdo.
Ainda assim, essas características não comprometem a qualidade da obra, que cumpre muito bem seu objetivo de informar e conscientizar.
A leitura deste livro reforçou minha responsabilidade como profissional da saúde em promover a alfabetização científica entre meus pacientes e alunos. Fortaleceu minha postura crítica diante de práticas pseudocientíficas que, muitas vezes, circulam no meio clínico e educacional.
Além disso, ampliou meu repertório para identificar argumentos falaciosos e construir estratégias mais eficazes de comunicação científica, especialmente no ambiente digital.
Recomendo fortemente esta leitura para psicólogos, educadores, profissionais da saúde e estudantes que desejam aprimorar sua capacidade de análise crítica e se proteger — e proteger seus pacientes ou alunos — das armadilhas das pseudociências.
É um livro essencial também para quem atua na divulgação científica, pois oferece exemplos claros de como desmontar mitos e crenças infundadas com base na razão e na evidência.
“A mente humana é um instrumento maravilhoso, mas está longe de ser perfeita. É por isso que precisamos dos métodos, processos e da atitude da ciência: para filtrar nossa percepção do mundo e eliminar (na medida do possível) os erros provocados por nossas deficiências e falhas cognitivas.”
Referência
PASTERNAK, Natalia; ORSI, Carlos. Que bobagem!: Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério. São Paulo: Contexto, 2023.
Adquira o livro com 20% de desconto no site www.editoracontexto.com.br utilizando o cupom PSICOLETIVO20.